quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Solenidade de Cristo Rei

No último domingo do Tempo Comum, celebramos a solenidade de Cristo Rei do Universo. Uma solenidade é uma grande festa, na qual celebramos uma grande verdade da fé. Essa solenidade é a coroação de todo o ciclo da liturgia eclesiástica, porque na figura de Cristo Rei, se resume toda a obra salvadora do Messias. Ele é o alfa e o ômega, o princípio e o fim, o seu Reino é o Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz.
Nesse dia encerramos o ano litúrgico e começamos o tempo advento. A Igreja convida-nos a concentrar nossa mente e coração nesse fundamento de nossa fé; Jesus Cristo, Rei e Senhor de nossas vidas.

Instituição
A solenidade dedicada a Cristo Rei começou a ser celebrada em 1925, onde estávamos sob o contexto de outra guerra, a segunda guerra mundial, que custaria 26 milhões de vidas. Naquela hora de dor o Papa Pio XI fez ouvir a sua voz e gritou: "A paz de Cristo, pelo reinado de Cristo!". E com a encíclica chamada "Quas Primas", o Papa instituía a Festa de Cristo Rei.

Pio XI insistia na necessidade de reconhecer a autoridade universal de Cristo, porque a sua aceitação faria desaparecer as divisões de pessoas, classes sociais, povos e nações, que acabaria com o ódio, as injustiças e toda a escravidão.
Muitas pessoas pensavam que já não havia espaço para Deus no coração do homem. O Santo Padre lembrou que Cristo está presente no coração de cada ser humano e que somente Ele tem o verdadeiro poder sobre a sociedade, a família, a cultura e todo o Universo. Quis comemorar a realeza de Jesus num momento em que a sociedade abandonava a fé e o ateísmo se propagava no mundo inteiro.

Assim concluía o Papa: “é necessário que Cristo reine na mente dos homens, é necessário que Cristo reine na vontade dos homens, é necessário que reine nos corações dos homens, por um ardente amor a Ele; e é necessário que Cristo reine em nossos corpos e em nossos membros para que sirvam à paz externa da sociedade e à paz interna de nossas almas”.
Mas não é só nessa ocasião que comemoramos Cristo como nosso Rei. Em cada Missa, fazemos memória de seu Reino em pelo menos dois momentos especiais.
São eles:
  • Depois da consagração, quando rezamos o Pai-Nosso: “Venha a nós o vosso Reino!”
  • Em seguida quando proclamamos: “Vosso é o reino, o poder e a glória para sempre”.
E então, o que é esse Reino que celebramos hoje e em cada Missa do ano?
O Catecismo da Igreja Católica nos dá algumas dicas sobre isso:

·         O Reino de Cristo é a sua Igreja. Cada cristão é um membro vivo da Igreja e por isso torna presente esse Reino no mundo. Cada sacerdote, cada bispo, cada fiel é um sinal luminoso de Cristo Rei.
·         É onde Deus, aqui e agora, partilha sua vida divina com os homens. Nesse Reino recebemos a vida de verdade, não a vida do mundo que é passageira.
·         O Reino é a família de Deus, na qual todos os homens são chamados a fazer parte, sejam eles ricos ou pobres, santos ou pecadores.
·         Esse Reino é a vitória de Cristo sobre o reino de Satanás. É vitória sobre o sofrimento, a morte, a maldade, a injustiça e o pecado.
Uma maneira bem concreta para manifestar a presença desse Reino em nossas vidas é oferecer por meio da oração as diferentes atividades do dia. Por exemplo, podemos rezar um Pai-Nosso antes de iniciar as aulas no colégio ou quando chegamos no escritório para trabalhar.
Por isso o Papa Pio XI instituiu essa festa dedicada a Cristo Rei. O Reino de Cristo é realidade e nós cristãos somos parte dessa realidade. Nós católicos já experimentamos os frutos desse Reino em primeira mão. Ele não é um sonho ou um ideal distante. O Reinado de Jesus cresce todos os dias em nossa vida e na vida da sociedade.

Na bíblia
“Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus”, foi a inscrição que Pilatos mandou pôr sobre sua cabeça quando foi sentenciado à morte. Desde esse dia milhares de pessoas no mundo olham a cruz com devoção e fé.
Quando Jesus respondeu a Pilatos: “Tu o dizes, sou Rei”, matizou sua afirmação e continuou: “Eu para isso nasci; para isso vim ao mundo, para dar testemunho da Verdade. Todo o que é da verdade ouve minha voz...” Essa é a Verdade de Deus, uma verdade eterna.
Passaram já vinte e um séculos de História e, no entanto por esse Rei sentenciado à morte somos hoje como uma coroa humana de corações em louvor, em admiração, em obediência e em fervor para Cristo Rei, nosso Rei!
Sendo Jesus o Rei de toda a criação, da história do homem, sua realeza é universal. Por isso não podemos levá-lo em nível de ideologia humana, partidária, triunfalista. Seu reino chega justamente à consciência do homem para fazê-lo livre e mais apto para exercer sua propriedade sobre o mundo.
O Reino de Jesus Cristo é de misericórdia, de bondade, de amor. Ele é um Rei cheio de mansidão, pacífico, que derrama sua influência benéfica sobre as pessoas, pela fé. O prefácio da missa de Cristo Rei faz um belo resumo com estas frases:
“Um reino universal e eterno. Um reino de verdade e de vida. Um reino de santidade e de graça. Um reino de justiça, amor e paz”.
Ele começar a reinar em nossos corações no momento em que nós permitimos isto a Ele, e o Reino de Deus deste modo faz-se presente em nossas casas, famílias, comunidade e, principalmente, na nossa vida.
Nós cristãos, com nosso testemunho, temos que trabalhar para que em nossa sociedade o reino de Jesus seja a história da verdade sobre o erro, da pureza sobre a corrupção, da vida sobre a morte.
Dedicar a nossa vida a expandir o Reino de Cristo na terra é o melhor que podemos fazer, pois Cristo nos recompensará com alegria e uma paz profunda em todas as circunstancias da vida.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

JOÃO BATISTA, “MAIS QUE UM PROFETA”

Partindo do texto de Hebreus 1,1-3, - 1 Nos tempos antigos, muitas vezes e de muitos modos Deus falou aos antepassados por meio dos profetas. 2 No período final em que estamos, falou a nós por meio do Filho. Deus o constituiu herdeiro de todas as coisas e, por meio dele, também criou os mundos. 3 O Filho é a irradiação da sua glória e nele Deus se expressou tal como é em si mesmo. O Filho, por sua palavra poderosa, é aquele que mantém o universo. Depois de realizar a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade de Deus nas alturas. - procuramos traçar a imagem de Jesus segundo uma comparação com os profetas. Entre o tempo dos profetas e o de Jesus existe uma figura especial que é ponte entre os primeiros e o segundo: João Batista. Nada melhor, no Novo Testamento, para evidenciar a novidade de Cristo, que a comparação com João Batista.

            O tema do cumprimento, da mudança histórica, emerge nítido dos textos nos quais o próprio Jesus se expressa sobre sua relação com o Precursor. Atualmente os estudiosos reconhecem que as passagens que se leem a respeito nos evangelhos não são invenções ou adaptações apologéticas da comunidade, posteriores à Páscoa, mas se remontam na substância ao Jesus histórico. Alguns deles são, de fato, inexplicáveis se são atribuídos à comunidade cristã posterior.
            Uma reflexão sobre Jesus e João Batista é também a melhor forma de estar em sintonia com a liturgia do Advento. As leituras do Evangelho do segundo e do terceiro domingo do Advento têm, de fato, no centro a figura e a mensagem do Precursor. Há uma progressão no Advento: na primeira semana a voz sobressalente é a do profeta Isaías, que anuncia o Messias de longe; na segunda e terceira semana é a do Batista, que anuncia o Cristo presente; na última semana, o profeta e o Precursor deixam o lugar para a Mãe, que o leva em seu seio.

A grande mudança

            Em texto mais completo no qual Jesus se expressa sobre sua relação com João Batista é a passagem do Evangelho que a liturgia nos faz ler no 3º domingo (Ano A) na Missa. João, desde a prisão, envia seus discípulos para perguntar a Jesus: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?” (Mt 11,2-6; Lc 7,19-23).
            A pregação do Mestre de Nazaré, a quem ele mesmo havia batizado e apresentado a Israel, parece a João que vai em uma direção diferente da reluzente que ele esperava. Mais que o juízo eminente de Deus, ele pregava a misericórdia presente, oferecida a todos, justos e pecadores.
            O mais significativo de todo o texto é o elogio que Jesus faz a João Batista, após ter respondido à sua pergunta: “O que fostes ver, então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais do que um profeta [...]. Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista, e, no entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele. Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que deve vir. Que tem ouvidos, ouça!” (Mt 11, 9-15).
            Uma coisa se vê clara destas palavras: entre a missão de João Batista e a de Jesus ocorreu algo decisivo, que constitui uma divisória entre duas épocas. O centro de gravidade da história se deslocou: o mais importante já não está em um futuro mais ou menos iminente, mas está “aqui e agora”, no reino que já está operante na pessoa de Cristo. Entre as duas pregações, suscitou um salto de qualidade: o menor da nova ordem é superior ao maior da ordem precedente.
            Este tema do cumprimento e de mudança de época encontra confirmação em muitos outros contextos do Evangelho. Basta recordar algumas palavras de Jesus como: “Aqui há alguém maior que Jonas [...]. Aqui há alguém maior que Salomão!” (Mt 12,41-42). “Felizes os vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, mas não o viram, e ouvir o que vós ouvis, mas não o ouviram” (Mt 13,16-17). Todas as chamadas “parábolas do Reino” — como a do tesouro escondido e a da pérola preciosa — expressam, de maneira cada vez diferente e nova, a mesma ideia de fundo: com Jesus soou a hora decisiva da história: ante ele se impõe a decisão da qual depende a salvação.
            João pertence às “premissas” e à preparação, mas com Jesus já estamos no tempo do cumprimento.
            Em seu livro “Jesus de Nazaré”, o Santo Padre confirma a conquista da exegese mais séria e atualizada. Escreve: “Para que se chegasse a esse confronto radical, de ser concebido até este extremo — de ser entregue aos romanos –, deve ter acontecido, deve ter sido dito algo dramático. O estimulante e o grandioso encontram-se precisamente no princípio; a Igreja em formação só lentamente é que devia reconhecê-los em toda a sua grandeza, gradualmente compreendê-los por meio de uma reflexão que ia se constituindo numa interior ‘recordação’. (...) O grandioso, o novo e estimulante têm sua origem precisamente em Jesus; na fé e na vida da comunidade isso é desenvolvido, mas não criado. Sim, a ‘comunidade’ não teria de modo nenhum se formada nem sobrevivido se uma realidade extraordinária não a precedesse”.
            Na teologia de Lucas, é evidente que Jesus ocupa “o centro do tempo”. Com sua vinda, ele dividiu a historia em duas partes, criando um “antes” e um “depois” absolutos. Hoje se está convertendo em prática comum, especialmente na imprensa leiga, abandonar o modo tradicional de datar os acontecimentos “antes de Cristo” ou “depois de Cristo” (ante Christum natum e post Christum natum) a favor da fórmula mais neutra “antes da era comum” e “da era comum”. É uma opção motivada pelo desejo de não irritar a sensibilidade de povos de outras religiões que utilizam a cronologia cristã. Em tal sentido, é preciso respeitá-la, mas para os cristãos permanece indiscutível o papel “discriminante” da vinda de Cristo para a história religiosa da humanidade.

Ele vos batizará no Espírito Santo


            Agora, como sempre, partamos da certeza exegética e teológica evidenciada para chegar ao hoje de nossa vida.
            A comparação entre João Batista e Jesus se cristaliza no Novo Testamento na comparação entre o batismo de água e o batismo do Espírito. “Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará com o Espírito Santo” (Mc 1,8; Mt 3,11; Lc 3,16). “Eu não o conhecia — diz João Batista no Evangelho de João –, mas aquele que me enviou para batizar com água, disse-me: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer é o que batiza com o Espírito Santo’” (Jo 1,33). E Pedro, na casa de Cornélio: “Lembrei-me, então, desta palavra do Senhor: ‘João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo’” (At 11,16).
            O que quer dizer que Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo? A expressão não só serve para distinguir o batismo de Jesus daquele de João; serve para distinguir toda a pessoa e obra de Cristo com relação à do Precursor. Em outras palavras, em toda sua obra, Jesus é aquele que batiza no Espírito Santo. Batizar aqui tem um significado metafórico: quer dizer inundar, envolver por todas as partes, como faz a água com os corpos submersos nela.
            Jesus “batiza no Espírito Santo” no sentido de que recebe e dá o Espírito “sem medida” (Jo 3,34), “infunde” seu Espírito (At 2,3) sobre toda a humanidade redimida. A expressão se refere mais ao acontecimento de Pentecostes que ao sacramento do batismo. “João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias” (Atos 1, 5), diz Jesus aos apóstolos, referindo-se evidentemente a Pentecostes, que aconteceria em breve.
            A expressão “batizar no Espírito” define, portanto, a obra essencial do Messias, que já nos profetas do Antigo Testamento aparece orientada a regenerar a humanidade mediante uma grande e universal efusão do Espírito de Deus (Jl 3, 1ss.). Aplicando tudo isso à vida e ao tempo da Igreja, devemos concluir que Jesus ressuscitado não batiza no Espírito Santo unicamente no sacramento do batismo, mas, de maneira diferente, também em outros momentos: na Eucaristia, na escuta da Palavra e, em geral, em todos os meios de graça.
            Santo Tomás de Aquino escreve: “Existe uma missão invisível do Espírito cada vez que se realiza um progresso na virtude ou um aumento de graça...; quando alguém passa a uma nova atividade ou a um novo estado de graça”. A própria liturgia da Igreja o inculca. Todas suas orações e seus hinos ao Espírito Santo começam com o grito: “Vinde!”: “Vinde, Espírito Criador”, “Vinde, Espírito Santo”. Contudo, quem assim reza já recebeu o Espírito uma vez. Quer dizer que o Espírito é algo que recebemos e que devemos receber sempre de novo.

A nova profecia de João Batista

            João Batista, pode nos iluminar sobre como levar a cabo nossa tarefa profética no mundo de hoje. Jesus define João Batista como “mais que um profeta”, mas onde está a profecia em seu caso? Os profetas anunciavam uma salvação futura; mas o Precursor não é alguém que anuncia uma salvação futura; ele indica alguém que está presente. Então, em que sentido pode-se chamar profeta? Isaías, Jeremias, Ezequiel ajudavam o povo a superar a barreira do tempo; João Batista ajuda o povo a superar a barreira, ainda mais grossa, das aparências contrárias, do escândalo, da banalidade e da pobreza com que a hora fatídica se manifesta.
            É fácil crer em algo grandioso, divino, quando se estabelece em um futuro indefinido: “naqueles dias”, “nos últimos dias”, em um contexto cósmico, com os céus destilando doçura e a terra abrindo-se para que germine o Salvador. É mais difícil quando se deve dizer: “Está aqui! É ele!”
            Com as palavras: “Em meio de vós há alguém a quem não conheceis!” (Jo 1,26), João Batista inaugurou a nova profecia, a do tempo da Igreja, que não consiste em anunciar uma salvação futura ou distante, mas em revelar a presença escondida de Cristo no mundo. Em arrancar o véu dos olhos das pessoas, sacudir a indiferença, repetindo com Isaías: “Existe algo novo: já está a caminho; não o reconheceis?” (Is 43,19).
            “O testemunho de Jesus — lê-se no Apocalipse — é o espírito de profecia” (Ap 19,10), isto é, para dar testemunho de Jesus, requer-se espírito de profecia. Existe este espírito de profecia na Igreja? Cultiva-se? Alimenta-se? Ou se crê, tacitamente, que se pode prescindir dele, apontando mais para meios e recursos humanos?
            João Batista nos ensina que para sermos profetas não necessitamos de uma grande doutrina ou eloquência. Ele não é um grande teólogo, tem uma cristologia bastante pobre e rudimentar. Não conhece ainda os títulos mais elevados de Jesus: Filho de Deus, Verbo, nem sequer o de Filho do homem. Mas como consegue fazer ouvir a grandeza e unicidade de Cristo! Usa imagens simples, de um camponês: “Não sou digno de amarrar as suas sandálias”. O mundo e a humanidade aparecem, por suas palavras, dentro de uma peneira que ele, o Messias, sustenta e agita com suas mãos. Perante ele se decide quem permanece e quem cai, quem é grão bom e quem é palha que o vento leva.

Pe. Raniero Cantalamessa, OFM

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem é este menino?

Volta como suavíssima poesia, a festividade do Natal.
Pinheiros, velas coloridas, luzes, presépios, saudações recíprocas, paz no espírito, missa da meia noite... Mas quem é? Quem é Este, que faz vibrar as fibras de todos os corações; que, naquela noite, põe de joelhos até quem na vida pouco conhece seu fascínio? Quem é este Menino que hoje como antigamente chama os reis e pastores, move os anjos e estrelas? Este Recém-Nascido, criatura frágil, filho de uma mocinha de 15 anos, que, lá de uma gruta, faz sentir a sua presença no mundo? Jesus, és tu o Filho de Deus! Se tanto fazes com tão pouca aparência, é porque És o Tudo. Tu és o Tudo. E nós nada somos diante de ti. Mas, já que hoje muitos trocam presentes uns com os outros, permite-nos então que também nós te ofereçamos um presente: queremos, a nossa maneira dar-te, a alegria de voltares de novo ao mundo. Não queremos que o Natal seja apenas uma festa cheia de ternura. Queremos que seja uma realidade: uma realidade divina. Nós sabemos que, se estamos unidos em teu nome, tu estás em nosso meio. Eis-nos aqui então! Inflamados todos pela “boa vontade” de que necessitas; reconhecemo-nos irmãos: homens, mulheres, crianças, artesãos, operários, deputados, doentes, gente que tem um nome, gente que nome não tem. Aos teus pés depositamos tudo o que é nosso, os nossos despojos, para pôr no lugar régio do coração a caridade fraterna, porque ela te apraz e por causa dela vieste até nós. Eis-nos todos unidos... E tu? Tu és o Deus da verdade e da justiça, além de Deus do amor, e respeitas as promessas. Vem até nós, fica entre nós. Uma vez, os “teus” não te receberam. Como gostaríamos de remediar, no que nos for possível. Vivamos somente para dar-te acolhida, para ter a tua presença entre nós, para sermos não nós, mas tu mesmo.
Para ajudar-te a construir na terra a cidade nova, a cidade de Deus.
Chiara Lubich