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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Tempo Comum

ILUMINADOS PELA PALAVRA
            O início do Tempo Comum acontece com a apresentação de Jesus Cristo como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Evangelho). Apresentação que dá continuidade ao contexto da Epifania, da manifestação de Jesus Cristo ao mundo. É também continuidade do episódio batismal, ressaltando o testemunho de João Batista de que Jesus é o Filho de Deus, o enviado de Deus para salvar o mundo inteiro (Evangelho). A Palavra deste 2º Domingo, no entanto, concentra-se no contexto da Salvação universal realizada por Jesus, oferecendo-se como sacrifício para fazer a vontade do Pai (salmo responsorial). Ele é o servo profetizado por Isaías que levará a Salvação divina aos confins da terra (1ª leitura) e aquele que tira o pecado do mundo (Evangelho). Ainda no contexto da Salvação universal, Paulo dirige sua carta a quem é convocado à santidade em todas as partes do mundo (2ª leitura).
            Na Bíblia, encontramos uma corrente teológica que considerava a Salvação restrita ao povo hebreu e a entendia como a reunificação de Israel. Embora presente em Isaías — “que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele”
(1ª leitura)— a mesma profecia evidencia que a missão salvadora do servo é a de se tornar luz para todos os povos da terra (1ª leitura). Jesus é este servo, aquele que recebeu e assumiu a responsabilidade de realizar o projeto salvador no mundo (salmo responsorial) para todos os povos. João Batista dá testemunho dessa realidade (Evangelho).
            O termo “testemunho” ou “testemunha” significa originalmente “alguém que viu” ou então, “alguém que fala daquilo que viu”. O Evangelho deste Domingo não diz que João Batista refere-se a Jesus como alguém que foi batizado por ele, mas que viu o Espírito Santo pousando sobre ele e consagrando-o
(Evangelho). Fato que provoca mudança no conceito de Batismo. Não mais um rito de purificação exterior e interior, como diziam os essênios, nem só purificação do coração, como pregava João Batista, mas o Batismo como relação pessoal com o Espírito de Deus. A diferença está na presença ativa do Espírito Santo que, no Batismo, pousa sobre quem é batizado.
            É a partir da experiência do Batismo de Jesus, que todos os batizados participam da filiação divina. Jesus é o Filho de Deus, mas não só. É também testemunhado por João Batista como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Evangelho) e, enquanto tal é o Salvador, o servo que ilumina o mundo com sua Salvação (1ª leitura). Ao apontar Jesus como Cordeiro de Deus, João Batista evoca nos ouvintes o significado do Cordeiro Pascal para o povo de Israel, que com seu sangue, tingido nas portas dos hebreus, libertou e salvou o povo da escravidão do Egito. Participar da Salvação, diz São Paulo, é participar da Páscoa de Jesus Cristo (Rm 6) que, ao se fazer (com seu sangue) sacrifício para realizar a vontade do Pai (salmo responsorial), nos liberta da morte, nos salva e nos torna filhos e filhas de Deus.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Pedras vivas


Costumo ouvir falar sobre “igreja” como referência à instituição ou ao templo. Nossa! É incrível ver como os que se dizem católicos, em muitos casos, não se reconhecem como Igreja. É comum ouvir falar da Igreja sempre como algo distante, externo, alheio. Um membro da Igreja, membro de coração e de vida, se reconhecerá, naturalmente, como Igreja – o que faz recordar a conhecida frase: “Sou Igreja; somos Igreja”.
E o que é, realmente, ser Igreja? Acaso há uma lista de coisas a fazer para se considerar membro efetivo, de modo que, ao cumprir tudo ou maior parte, se possa assinar em baixo numa carteirinha de “católico praticante”? Claro que não é assim. A Igreja é uma família – família dos filhos de Deus que professam a mesma fé. E como família não é burocracia, mas uma vivência, família é família a toda hora e em todo lugar, então ser Igreja é fazer jus, de fato, a essa pertença, em todo instante da vida. Trata-se, pois, de algo que deve ser muito natural.
Falar em ser Igreja faz lembrar, naturalmente, a questão da aproximação à Igreja. Creio que o cartão de entrada para uma pessoa se aproximar de uma comunidade é, antes de tudo, a acolhida – não é, primordialmente, divulgação, convite ou propaganda, mas, sobretudo, a acolhida. Outro dia, na homilia da missa que preside todas as manhãs na capela Casa Santa Marta, no Vaticano, o papa Francisco refletia sobre a acolhida por parte dos membros da Igreja aos que dela se aproximam. Na ocasião, o pontífice oferecia exemplos do que tem sido o acolhimento pastoral em muitas de nossas paróquias e comunidades. Muitos casais, citava como exemplo o papa, procuram setores paroquiais com o desejo de realizar o matrimônio: acabam, não raras vezes, encontrando uma senhora burocracia, sendo acolhidos não com felicitações por sua decisão tão digna e cristã, mas, em vez disso, imediatamente recebem informações sobre taxas e datas e documentos a serem entregues. Assim, tantas vezes, ressaltava o papa, “somos controladores da fé em vez de nos tornarmos facilitadores da fé das pessoas” (tradução livre).
A indagação do pontífice nos faz refletir sobre como está sendo a caminhada de fé e de vida nas nossas comunidades. Além da notável dificuldade de acolhimento, precisamos ser muito realistas num assunto: onde estão a unidade e a caridade fraterna? Esses dois elementos indispensáveis para autênticas experiências de fé parecem ser, hoje, na maioria das vezes, apenas temas de palestras ou inspirações para canções... e nada mais! Onde está o testemunho de unidade e de caridade dos que estão inseridos nas nossas comunidades? Não parece que o que vemos, em alguns casos, não é exatamente uma Igreja onde os ministérios e as funções confiadas são tudo, menos ocasião para o serviço desinteressado aos irmãos? Vale lembrar que a Igreja deve ser uma comunidade cujos membros buscam a comunhão e o crescimento mútuo, movidos pela caridade que inspira o Evangelho. E isso não é conselho pastoral, e, sim, exigência evangélica.
“C’è una chiesa minore, e c’è una maggiore”, dizia certa vez um missionário italiano de cujo nome não me recordo, mas que me marcou com suas belas palavras. Há uma igreja maior e uma menor, dizia ele. A menor, explicava, é aquela formada por pedras e tijolos, os templos que encontramos pelas cidades, das mais grandiosas catedrais às mais singelas capelinhas. E há, continuava, a maior, que se constitui de pedras vivas: a Igreja que somos todos nós batizados, nós que formamos o Corpo Místico cuja Cabeça e Fundamento é Jesus. Eis, portanto, o convite que nos é feito neste tempo em que o testemunho cristão para o mundo parece ser cada dia mais necessário: sejamos Igreja viva, no nosso cotidiano, nas nossas celebrações, nos marcantes momentos da nossa vida, mas, sobretudo, nos pequenos gestos que formam o nosso viver.

André Sampaio
Fortaleza (CE)


quinta-feira, 14 de março de 2013

Não crer em Deus: Uma visão cristã



       Os acontecimentos do nosso dia a dia são tantos que, ás vezes, deixamos coisas tão simples passarem despercebidas. E o que torna essa simplicidade perceptível é a nossa condição espiritual.
       “Quem busca a verdade busca Deus sem saber”. Esse é um trecho de uma música que gosto muito e, por sinal, já ouvi bastante, porém, só hoje, pude perceber o peso que tem esse verso.
        Mas, afinal, o que é a verdade e quem é Deus? Deus, eu sei que é a verdade (Jo 14,6). E a verdade, o que é? Filosoficamente, a verdade: enuncia uma coisa que é (verdade da razão) e depende da experiência (verdade de fato), segundo Leibniz; e, é a interpretação da razão, segundo Kant. 
        Resumo, então, assim:
       ‘‘A verdade é o que a razão interpreta através da experiência como aquilo que é’’. A verdade é aquela que é! Pois, Deus é aquele que É. (Ex 3, 14)
        A tentativa de explicação da verdade leva todas as pessoas a quererem-na incondicionalmente. Todos querem a verdade, até aquele que mente. Quem diz não acreditar em Deus, mesmo sem saber, acredita, pois, busca a verdade e a verdade é Deus. É bem mais fácil não sujeitar-se a dar explicações sobre quem é Deus, até porque não tem o que explicar. Porém, é insano dizer não acreditar Nele, infelizmente, quem o diz, não sentiu a alegria de experienciá-lo.
        A fé exige de nós renúncia e doação total de nossa vida. Quem vive a fé coloca-se em um ambiente de ‘tiro ao alvo’: o tiro é tudo e todos que se dizem contra ao divino, o alvo é a pessoa que assume a Cristo.
Ser cristão é andar na contramão, e quem não souber se guiar acabará colidindo com o primeiro obstáculo e morrendo. Quem é que está disposto a isso? Eu estou.

Rafaela Costa

sexta-feira, 1 de março de 2013

SÉ VACANTE – Uma opinião


   O dia 11 de Fevereiro de 2013 entrou para a história, será lembrado como o dia em que o mundo inteiro voltou seu olhar para a Igreja de Cristo; o dia em que a pedra da igreja pediu retirada para que, em seu lugar, fosse colocada uma mais forte (MT 16, 18 - Tu és Pedro e sobre está pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela). Nada mais justo visto que essa pedra é humana. Humana e divina porque foi criada por Deus. E por ser divina, faz com que todas as pessoa (TODAS) indaguem sobre o seu proceder.
     Depois da renuncia de Bento XVI efetivamente no dia 28, foi só o que se ouviu - Sé vacante - é só o que se ouve e se ouvirá até a escolha do novo Papa. Para nós, cristãos católicos (digo, católico mesmo, praticante e defensor da fé católica) é como se estivéssemos “órfãos” de um pai, aqui na terra. De um pai que está vivo e que renunciou sua paternidade. Sua despedida comovente fez lágrimas caírem do meu rosto e uma tristeza imensa habitar meu coração. O porquê de tudo isso? Perguntei-me.
     Como criaturas humanas, temos necessidade de respostas, mesmo para aquilo que já possui resposta, mesmo para o que sabemos que a resposta É A VONTADE DE DEUS. E aí continuamos a nos perguntar: Por que a vontade de Deus é essa? Por que tem que ser assim? Por que tem que ser outro Papa e não esse? Esse nosso lado humano quer explicações demais, devemos deixar o divino aflorar em nós para aceitarmos os planos de Deus.
      Estamos em plena quaresma. Tempo de jejum e oração. Tempo em que a tentação vem para nos tirar a paz. Tempo em que a luz de Cristo devolve a paz roubada se purificarmos nossos corações. Esse tempo exige de nós uma conversão verdadeira, livre de qualquer interesse.
      Infelizmente nossa igreja está passando por momentos difíceis e precisando, sim, de uma sacudida para que os próprios "fiéis" se convertam à fé que assumiram. As pessoas estão se deixando corromper com as coisas mundanas. Ser Católico Apostólico Romano não é fácil, e se fosse não haveriam protestantes.  É triste ver aqueles que não comungam da mesma fé que a nossa criticar a renuncia do Papa (agora emérito), aproveitando o momento para “arrebatar ovelhas” e manipular a fé do outro. Mas, isso é a prova de que fazemos parte da Igreja de Cristo. Como diz no Livro do Apocalipse (12,17): Este (o dragão), então, se irritou contra a Mulher e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.
     Assim como nosso Papa emérito retirou-se para orar, oremos também, para que o novo Papa continue a guiar a igreja segundo a vontade de Deus e que não deixe a “modernidade” modificá-la, pois somos nós que devemos modificar nossas atitudes, nossos pensamentos, nossos sentimentos e tudo aquilo que impede de sermos criaturas santas.
            
Rafaela Costa

domingo, 16 de janeiro de 2011

Viver todos os dias como se fosse uma etapa ao longo do caminho rumo à santidade.

Aquilo que caracteriza a existência das grandes mulheres e dos grandes homens da história cristã é um objetivo possível para toda pessoa de fé: foi o que disse Bento XVI em várias ocasiões, e as suas palavras adquirem um particular relevo nestes dias em que – passadas as grandes celebrações do Natal – a Igreja, como também a sociedade em geral, se encontra imersa no ritmo da vida ordinária.

Cada um volta a seu trabalho, às coisas da sua vida. Também o Evangelho segundo João descreve "o dia seguinte" ao do Batismo. Jesus que passa, João que o indica a seus discípulos, e estes que se colocam a seguir o Mestre. Não é uma cena memorável como a do Jordão, aliás, em comparação é de uma normalidade quase irrelevante.

E, no entanto, ensina algo de precioso para aquele "depois" que se dá na vida de todos após um dia particular, ou um período especial após o qual é preciso retomar – talvez com certa nostalgia – as atividades de sempre.

Também a Igreja, entre um "evento" e outro de grande importância espiritual, faz algo análogo com o que em termos litúrgicos se chama de "Tempo Comum". Mas é um ordinário somente aparente, porque para um cristão, normalidade jamais significa mesmice. Bento XVI explicou isso tempos atrás com as seguintes palavras:
“ No domingo passado, no qual celebramos o Batismo do Senhor, teve início o tempo comum do ano litúrgico. A beleza desse tempo está no fato que nos convida a viver a nossa vida ordinária como um itinerário de santidade, ou seja, de fé e de amizade com Jesus, continuamente descoberto e redescoberto como Mestre e Senhor, Caminho, Verdade e Vida do homem." (Angelus, 15 janeiro de 2006).
Tempo comum = tempo de santidade.
Não se trata de um período sem sentido. Os dois discípulos que se colocam a seguir Jesus logo descobrem ter encontrado – como dirão – "o Messias", com tudo de extraordinário que isso significará. Mas o início de sua relação com Jesus parte com uma pergunta, também ela banal: "Mestre, onde moras?" e Jesus responde: "Vinde e vede". Pois bem, e mesmo nessa realidade ordinária encontra-se velada uma importante indicação – ressalta o Pontífice:

 “A palavra de Deus convida-nos a retomar, no início de um novo ano, este caminho de fé jamais concluído. "Mestre, onde moras?", digamos também nós a Jesus e Ele nos responde: "Vinde e vede". Para o fiel é sempre uma incessante busca e uma nova descoberta, porque Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre; mas nós, o mundo, a história, jamais somos os mesmos, e Ele vem ao nosso encontro para dar-nos a sua comunhão e a plenitude de vida."
(Angelus, 15 de janeiro de 2006).

Fonte: Rádio Vaticano

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Reflexão

Belém, os Magos e Herodes.
 “Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que os Magos vieram do Oriente a Jerusalém". (Mt 2, 1).

Mateus se cala sobre maiores detalhes a respeito dos Magos; daí a divergências entre os autores. Entretanto, podemos afirmar que o nome Magos não pode ser tomado com as conotações próprias aos nossos tempos. Naquela época, significava pessoas de certo poder e muito distintas, em especial pelos conhecimentos científicos, sobretudo de astronomia. Além disso, a tradição apresenta-nos como reis.
O rei Herodes não pertencia à raça dos judeus, pois era idumeu. Chegou ao trono por apoio dos romanos, era estrangeiro. Foi muito habilidoso, restaurando com esmero o Templo de Jerusalém, no intuito de que se esquecessem de suas origens. Porém, sua fama perpetuou-se pelas grandes máculas de seus costumes dissolutos e de sua crueldade. “Perguntaram eles: 'Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo".
Os Reis Magos demonstram possuir grande fé, e não pouca intrepidez, ao formularem uma pergunta tão incisiva, tanto mais que poderia ser interpretada por Herodes como sendo uma negação de seu título e de seu poder, conquistados com tantos esforços.
"Ouvindo isto, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele".

É de fácil compreensão esse temor, dada a grande ambição, inveja e crueldade. Sua esposa e seus três filhos puderam experimentar a violência de seu péssimo e impetuoso temperamento, pois foram mortos por uma determinação tirânica sua, nascida do medo de que o destronassem.

Para um homem com essa moral desregrada e tão mau caráter, o anúncio do surgimento miraculoso de um novo rei só poderia causar perturbação ... Herodes, maquina a morte do Messias com dolosa malícia; viu certamente o grande fervor dos Magos em relação a Cristo, e como não podia contar com a cumplicidade deles para matar o futuro rei, ocorreu-lhe enganá-los. Então, começou a tomar ares de devoção enquanto afiava a espada e pintava com cores de humildade a perversidade de seu coração. Assim procedem todos os perversos: quando querem causar ocultamente algum dano muito grave a alguém, mostram-se humildes e amigos em relação a ele.
“E, enviando-os a Belém, disse: 'Ide e informai-vos bem a respeito do Menino.Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo".
"Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o Menino, e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria".
Assim sempre procede Deus, recompensando aqueles que são fiéis à Sua graça. É comovedora a confiança penetrada de coragem desses Reis Magos, diante de um tirano de tão má fama. Não há dúvida de estarem sustentados pelo Espírito Santo.
"Entrando na casa, acharam o Menino com Maria, sua mãe".
Palavras proféticas, inspiradas pelo Espírito Santo, para deixar constando pelos séculos afora que não se pode encontrar Jesus sem Maria, e menos ainda, Maria sem Jesus. A História comprova - e muito mais o fará - o quanto a devoção à Mãe conduz à adoração ao Filho, e vice-versa.
"Avisados em sonho de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho". (Mt 2, 12)
Deus jamais deixa de proteger aqueles que o servem com amor e fidelidade. Se os Magos tivessem retornado a Herodes, eles mesmos poderiam ter precedido os inocentes na morte.

A todos nós, Deus nos faz retornar à Pátria "por outro caminho", segundo nos ensina São Gregório Magno. Infelizmente, deixamos o Paraíso Terrestre pelo pecado de orgulho de nossos primeiros pais; mais ainda, dele nos afastamos pelo apego às coisas deste mundo e devido aos nossos próprios pecados. Deus como bom Pai, nos oferece o Paraíso Eterno; mas, para nele entrar, o caminho é o oposto ao do orgulho e da sensualidade, ou seja, o do desprendimento, da obediência, da renúncia às nossas paixões.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem é este menino?

Volta como suavíssima poesia, a festividade do Natal.
Pinheiros, velas coloridas, luzes, presépios, saudações recíprocas, paz no espírito, missa da meia noite... Mas quem é? Quem é Este, que faz vibrar as fibras de todos os corações; que, naquela noite, põe de joelhos até quem na vida pouco conhece seu fascínio? Quem é este Menino que hoje como antigamente chama os reis e pastores, move os anjos e estrelas? Este Recém-Nascido, criatura frágil, filho de uma mocinha de 15 anos, que, lá de uma gruta, faz sentir a sua presença no mundo? Jesus, és tu o Filho de Deus! Se tanto fazes com tão pouca aparência, é porque És o Tudo. Tu és o Tudo. E nós nada somos diante de ti. Mas, já que hoje muitos trocam presentes uns com os outros, permite-nos então que também nós te ofereçamos um presente: queremos, a nossa maneira dar-te, a alegria de voltares de novo ao mundo. Não queremos que o Natal seja apenas uma festa cheia de ternura. Queremos que seja uma realidade: uma realidade divina. Nós sabemos que, se estamos unidos em teu nome, tu estás em nosso meio. Eis-nos aqui então! Inflamados todos pela “boa vontade” de que necessitas; reconhecemo-nos irmãos: homens, mulheres, crianças, artesãos, operários, deputados, doentes, gente que tem um nome, gente que nome não tem. Aos teus pés depositamos tudo o que é nosso, os nossos despojos, para pôr no lugar régio do coração a caridade fraterna, porque ela te apraz e por causa dela vieste até nós. Eis-nos todos unidos... E tu? Tu és o Deus da verdade e da justiça, além de Deus do amor, e respeitas as promessas. Vem até nós, fica entre nós. Uma vez, os “teus” não te receberam. Como gostaríamos de remediar, no que nos for possível. Vivamos somente para dar-te acolhida, para ter a tua presença entre nós, para sermos não nós, mas tu mesmo.
Para ajudar-te a construir na terra a cidade nova, a cidade de Deus.
Chiara Lubich